o sopro
Sonhos e estilhaços mentindo,
Ferindo e fitando a inquietação,
Esvaídos em medo e a angústia.
A espera dilacera e antecipa,
Contamina por partes o sopro,
De raiva, rancor, medo.
A morte ribomba, atordoa, impõe-se,
Os tambores fraquejam as preces,
Observam o inevitável,
Com escárnio e desprezo
Pelo suspiro, o último,
Sem fôlego, sem razões.
Sonhos, ao arrepio de vento e água,
Molhando, escorrendo, tocando,
Risos, sem sombra nem recanto escondido,
Clareando a penumbra subterrânea da ordem,
Imposta, por momentos esquecida,
Dolorosa percepção assassina da vingança,
Sádico fervor, ódio cortante,
Devorando entranhas
Expostas, sem ventre nem esconderijo.
A terra, em sangue, suplica,
Estranha o incómodo, rogando,
Abrindo-se em páginas soltas,
Indicando o caminho de sulcos e pedras.
O retorno, respirar acima da água,
A marcha, com ódio, desespero,
A demência da putrefacta carne amada,
Aroma de jasmim em flor
Queimando os olhos e ardor,
De quem se curva e turva.
Rasga o peito, beija a morte, procura o sopro,
Fugindo, sentindo
O ar, a água correndo sobre as mãos,
Tingindo de rubro, lágrimas e saliva,
Os olhos mudos e quedos
Como sopros e uivos de corações sem alma.
sexta-feira, novembro 21, 2003
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