domingo, janeiro 08, 2012


Sono

Tenho permanentemente sono…
Vivo como um estrangeiro no teu quarto, exilado,
Onde mesmo de madrugada já é tarde, já é o dia seguinte,
Onde nenhum fogo aquece, é distante,
A fornalha do sol que se afunda no oceano.
E o silêncio cai, molda-se aos espaços vazios,
Entre nós, entre as palavras esparsas, na sua ausência, sempre.
Podia apontar-te o movimento ascendente da lua e o mergulhar dos pássaros atrás dos
prédios,
Mas isso seria abrir mais espaço que teria de preencher,
E eu não conheço o idioma e os costumes deste degredo,
Deste canto que me apontas e aprisionas, o dedo em riste que sentencia o fim das
coisas.
Condenado ao inferno, não recuso
o prazer (o teu),
a morte (a minha),
o fim (do dia)
fugir (de volta à minha cidade)
acordar (não ter mais sono).