sábado, fevereiro 01, 2014

Espera (Linha Amarela)


É no cais que se espera
São quatro minutos
De espera
Pessoas que desesperam
Eu
Que descanso, escrevo,
Brinco com os passos, nas mãos,
No brilho dos azulejos
Nos grafitis mal educados
E espero
E penso, conjuro, desconstruo, maquino, procuro
Mudo o mundo mudo
E o que pensava fazer daqui a três dias
E fico imóvel
Sempre ali
E gritam comigo (estou em frente à porta do comboio)
Cheio, cheios de espera, de cidade,
De Natal, de Páscoa, de Férias, de vida
Loucos
De ânsia
Chegar a casa
A ti
 - “Para sua segurança não ultrapasse a faixa amarela" –
A linha amarela traçado aos meus pés,
A linha que nos separa de nada.
Passaram quatro minutos e um segundo,
Vou passar nas outras estações, mudar de linha e de coração
E esperar
Quando sair na estação que dá para o mar
E submergir para amanhã.