segunda-feira, abril 28, 2008


O escuro imenso

O mundo ameaçava derrubar o medo sobre água
Prolongar o escuro vazio sobre o mar.
E as pontes uniam-se ainda demasiado longe,
Abraçando as luzes solitárias e trémulas de um corpo vigilante ao acaso.

Era Abril descendo a Graça ao mar da palha,
Num venerando silêncio.

terça-feira, abril 08, 2008


Curta

Mesmo que esperasse a imensa travessia das duas pontes sobre o mar,
Todos os diabos seriam lapsos imperceptíveis e fugazes,
Curtas chamadas irresistíveis, indulgentes.
Seria só chuva, desabotoa, ruído baço que desbota.



É curta a distância entre a vontade e a razão.




“Ser Deus por uns minutos e parar o sol sobre Lisboa.
Ora aí está a solução: parar o sol sobre Lisboa, parar o sol sobre mim”
De José Lobo Antunes
In “Se eu fosse Deus parava o sol sobre Lisboa”

sexta-feira, abril 04, 2008


Quase dormia

Abril aquece antes de tempo,
O telefone interrompe o meu cigarro na janela,
Falas que passavas por acaso,
Hesito entre a cama, uma cerveja no Bairro e os prazeres do corpo.

Vem.

Óculo indiscreto treme,
Oiço a porta, dois andares abaixo,
A porta entreaberta força o beijo, a língua,
A mão entre a tua roupa e o teu corpo,
O teu peito, as tuas nádegas, a língua outra vez,
A voz que nada diz e tudo quer,
E tudo faz, descreve clichés, diverte,
Transpira.

Sabe bem, ir ao acaso, com as mãos e as palavras.