quinta-feira, julho 21, 2005


Braços nus à janela


A noite vem morna e livre,
Jorrando versos e odor a água amansada.

Deixa-te ficar por aí,
Onde te veja, onde me oiças.

Não durmo...

A distância é um veneno alucinogénico,
Morte lenta e dissimulada,
Fulminando o coração que ainda vive,
Recuperando o que se perdeu, que se esvaiu em silêncio,
Aconchegando-se em papel amarelecido contorcido,
Ardendo.

sexta-feira, julho 01, 2005



As palavras (intransponíveis como a tempestade)

Nada mais toca do que as palavras que se acercam de ti,
Coloridas,
O azul com que a solidão desfeita nos pinta.
Não te importes que não me abracem,
Sou intransponível como a tempestade diluindo-se na cidade,
Sem horas, libertina.
Qualquer noite será melhor para nos afastarmos
E não pararmos de nos olhar a esta luz.
Quero-te sempre sem o peso da eternidade,
Mas podes rir enquanto a terra girar sem avareza ou falta de amparo
Na imensidão do vazio,
Á procura de quem faça amor em qualquer terraço de onde se possam ver as nuvens e o céu, como nós.
Nada está escrito que nos impeça de parar de escrever a nossa história,
De viver nas sombras que deixam marcas nos nossos olhos,
Fechados mas atentos.
Os braços de luz e beijos que nos recolhem na paz de uma casa aberta à manhã,
Humedecem-nos, como nunca se ouvira cantar...
E as palavras pousam, indeléveis na poeira das janelas.