terça-feira, julho 08, 2003

Vive!

ou a música do mundo...

Ondula, movimenta a tua beleza,
corta o ar com um suspiro,
fecha o silêncio com um sussurro,
não dês nada, não te contenhas.
Fala, repete o que ouviste,
inventa uma frase, estimula o meu intelecto.
Não quero nada, porque te detêns?
Grita, expressa os teus sentidos,
repele os teus medos, exorciza o desespero,
não queiras nada, não te atrevas a parar.
Transforma-te, supera-te,
arranca-te das entranhas,
faz a pele arrepiar, levanta as mãos ao céu,
chora de raiva.
Ama, vive, canta:

Oiço música até mais tarde,
Espuma, bossa nova, num divã,
Dançando com a luz da rua,
Esperando o por-do-sol de amanhã.
No silêncio, abre a porta,
A fundo do mundo a tua voz,
Jantar, o vinho, a companhia,
Suave, acalma, estamos sós.
Na janela, um riso de lua cheia,
Não tardou a me animar,
Do estio, esperando o seu calor,
Do verão que não posso avistar.
Na torre, o vidro aquece ao sol,
Alegria cintilante sobre as águas,
Pela camisa, a tua mão no meu peito,
Afasta, afoga todas as mágoas.
Todos os amigos, as músicas,
Esperam abaixo, junto ao mar,
Gargalhadas e risos como os nossos,
Soltam-se na ânsia de amar.
O tapete estendido, como o mar,
De palha, as conversas que ardem,
esquecemos, o corpo com preguiça,
que os minutos não contam,
as horas que tardem”