
Fotografia (música na casa)
Descobri a fotografia,
Imaginada,
deitada sobre a mesa,
esquecida a vontade que não me assiste,
adivinhando o tacto perdido, insensível,
a anca, a perna, esquecidas,
varrendo e mostrando as formas,
a tua boca húmida, prometendo
a travessia de um deserto no teu encalço.
A sala de água imensa,
amar em pele sobre a pedra,
em breve vertigem,
saliva e sal em desejo animal, cobrindo-te
em amarras fortes,
a voz atada num gemido fundo
sumindo-se na luz que nos atravessa sem pudor,
de vigia ao Porto dormente que desperta
no veludo do azulejo azul e branco,
quando finalmente a noite se recorta em foguetório,
acesos os corpos como um corpo qualquer,
flamejando com a música.
1 comentário:
Belíssimo poema. Grande alegria conhecer a sua poesia. Abraço do Alexandre Bonafim.
Enviar um comentário