segunda-feira, abril 04, 2005
Alquimia
Amantes, abrigados debaixo do assombro,
Em surdina,
Acreditando em mais nada
Que o tempo esculpe-se no deslizar dos corpos,
Mármore alisado pelo toque, almejando
A poesia contaminada, subvertida
Em combustão lenta, deliciada, reinventando-se,
Alquimia de limalhas de ouro, soltando-se,
Libertando trechos de uma melodia,
De matizes escorreitas e ténues,
Risos feitos de bocados de céu,
Sem espaço às palavras.
Amantes, escondidos do medo,
Em silêncio,
Acreditando sobretudo na perda,
Que o arrepio seja ilusão, descuido,
Parando o tempo, mostrando a crueza,
A dureza fria da revelação, sentida,
O ouro mostrando-se pedra escura,
A paixão consumida, consumindo-se, apagando-se
A cinza espalhada com um sopro, desfeita
Sem rasto ou memória infame,
Esquecida.
Amantes, querendo,
Temendo o esquecimento.
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