terça-feira, março 29, 2005
Furor das noites cheias
As luzes que tremem ao fundo definem o horizonte,
Um esplendor acetinado em perpétuo furor,
Intermitente, entre a cadência da chuva e da poeira,
Como um latejo quebrado de emoção.
Um ofegante e voraz quarto crescente desvenda,
Revela, em contemplação ferida
O pontão desafiador,
Outrora escondido no rebentamento furioso, avassalador,
Agora em doce calma aportada, esquecendo a deriva
Como o vagar das marés baixas,
Deambulando em exíguas memórias, onde ardem suspiros.
No sufoco do turbilhão,
Fulminante e fulgurante,
A euforia lancinante de amar,
Que não acaba nem morre como um instante,
Foge à corrosão avassaladora do tempo.
A brisa lambe em arrepio a pele descoberta pela Lua,
Tocando as margens e os estilhaços de luz flutuantes,
Voando em euforia, nos risos soltos das noites cheias.
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