quinta-feira, setembro 06, 2007


Noite desmedida

Sem perder de vista o mar,
Outra noite desmedida
Cresceu com ímpeto da tempestade,
Indiferente ao cansaço,
Ao cheiro dos versos escritos a álcool.

Passeavam vagarosamente pelas ruas, cansados,
Indiferentes ao negrume das árvores velhas,
Os pés alisando o asfalto em tumulto, arrefecido,
Tremendo, os corpos com falta de outros corpos,
Sem sítio perto ou distante,
Sem tempo e com pressa de adormecer.

Outra noite e a cidade crescia para longe.



“(…) ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente (…)”
"To Helena", Nau dos Corvos, Transporte no Tempo,
in Obra Poética vol2
de Ruy Belo

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