Inspiração de poder mentir (o meu jazz)
Espíritos inquietos interrompem alguma música,
Reflectem-se, anunciam os perigos e a morte flagrante,
Atiram para o fundo de si próprios canções obscuras,
O som quente das vozes elevadas acima dos risos,
Irreais e ofegantes,
Deslizando no brilho negro do vinil.
No negro abafado do fascínio obsessivo pela incursão e fluidez,
Ocasião para um lamento.
Depois do vazio, um céu inteiro dentro do peito,
Como uma metáfora aprisionada,
Da sonoridade dos gestos e a carnalidade das vozes.
Como se escolheria olhar em Nova Iorque,
A forma ávida de boémia que os ausentes manifestam,
A presunção da certeza e a expiação de pecados?
Aqui, no meu lugar,
Desvio de um mapa paralelo às linhas traçadas,
Para onde vai a raiva e o medo,
Sufoca-se em delírios rarefeitos pela experimentação dos dias,
Queimam-se compêndios e interlúdios fingidos,
Movimentos perpétuos de recusa da nostalgia e da tristeza,
Dos quais cansei-me.
No mundo de incertezas é inspirador poder mentir,
Sorrir sobre a estupidez como acto de agitação,
Tais virtuosos arrependidos de vícios recuperados,
Sem hesitações de rumo.
No brilho negro do vinil,
A música não mais se interrompe,
Libertando letras fluidas,
Sentidamente fingidas.
quinta-feira, dezembro 18, 2003
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