quinta-feira, novembro 10, 2011



Sei de um lugar (coração)



Ouvi dizer que existe,

um lugar escondido,

sussuro viajante, errando,

em constante e solene poente.


Sei de um coração,

triste,

perecendo em todos os males,

perseguindo naufrágios,

enganando a morte e a grandeza.



Chega-me um perfume de cravos, livros fechados, páginas que mortas cantam,

brisas amainando nas colinas,

súplicas, invejas, enganos.



Mas nesse lugar,

toda a luz é um grito,

todo o vinho é sagrado, todo o sangue renasce,

toda a palavra rasga, alastra,

dorme no mar,

imenso.



Nessa morada, a noite é curta e quente,

e a certeza, a nobreza, são mundo e glória,

e a força é estrada, é sopro, é víscera.



Sou de uma casa, de uma ideia que não termina

que avança no tempo,

que detém e contempla a todo o momento,

é alguém e toda a verdade, terrena e divina.



Sei de um coração que não cessa de bater,

belo, entontecido como o meu,

no meu.

Sem comentários: