segunda-feira, julho 30, 2007


O dia mais quente do ano

O dia mais quente do ano
Começava em sufocos de calendário
Há mais luas do que aquelas que nós víamos
Á medida que o amor arrefecia
Enquanto a amizade se pintava de matizes desconhecidas.

Naquele dia,
A esplanada estava vazia
E o passeio escaldava-nos as pernas,
Espreitando a sombra das escadas,
Descobertas,
Em preto mediterrânico e gelado de morango
Cruzadas a 45 graus,
Aquecendo os risos impacientes.

A brisa perdera-se nas esquinas da calçada,
E não eram ainda nem onze horas,
Nem tempo de fugirmos ao estio,
Apenas aos braços um do outro,
Reanimando o que nós insiste em não morrer.

Dizia-se ser o dia mais quente do ano,
Mas naquele mármore fresco do pátio,
Borbulhava o sangue e os lábios.
Atenas - Grécia

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