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Último dia do mediterrâneo
Só à primeira vista estranha,
A lucidez demente de um elogio funebre,
Ecoando na nudez do espaço vazio
Do meu corpo desamparado,
Onde tudo o resto é silêncio
A dor arpoada no peito,
Um Dó menor do mundo que acaba,
Esperando um pôr do sol eterno que incendeie por dentro.
É um acto de fé aceitar a morte,
Como que uma redenção preversa à crueldade:
De desaparecer num dia como este, sem brilho, sem luz,
Sem nada para fazer, admirando a tristeza do verão,
As águas estivais descendo pela janela,
Acordando o inverno.
Adormecer,
Sem a ansiedade de ser poeta.
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