sexta-feira, abril 16, 2004
Gotas suspensas sobre a água
O fulcro da harmonia está em cada miligrama de música,
Num ruído telefónico desde Buenos Aires
Ou na inércia aflitiva de uma gota suspensa
Movendo-se como o Inverno,
Errática, cristalina e suja.
Estranho é o mundo da solidão habitada,
Completo de fantasmas escondidos,
Esperando cumprir tarefas
Em tempo lento, esboroando-se rarefeito,
Perto da alucinação.
Esperava algo mais explícito,
Existir para sempre sem mostrar o que está escondido
Como um pesadelo de loucos
Numa enervada disputa pelo nome das coisas
Coleccionando rasuras, resíduos e ruídos de melodias lunares.
E o tempo demorava a revelar-se para nós,
Que nos olhávamos haviam não sei quantas horas,
Lutando e vacilando pela primeira desistência e derrota,
Pelo saque dos sentimentos que teimávamos em defender deste cerco.
Chovia copiosamente e era Verão em Buenos Aires.
Outros tempos os nossos.