Acorda-me
Um corpo caótico que se devora a si próprio
Numa descida arrojada e temente às profundezas
Abismos impossíveis sem tempo.
Odeias-te.
Nos lugares ermos ou desocupados
Até nas piores avenidas
Em deambulações estridentes
A tua encenação intermitente
Uma farsa ácida de volatibilidade inebriante
Agitando águas dos quotidianos sombrios.
Odeio-te.
Dois corpos à deriva
Expatriados do mundo
Sugando-se
Nas peculiaridades da essência
Num despertar incandescente
Todos os dias destes dias
Rindo e praguejando
Cinismos musicais soando de forma bizarra.
Amo-te, não sei porquê.
Acorda-me, não te esqueças!
Não me esqueças.
“Há sempre uma noite terrível para quem se despede do esquecimento”
Herberto Helder, in Poesia Toda – 1996
sexta-feira, março 12, 2004
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