Sei de um lugar (coração)
Ouvi dizer que existe,
um lugar escondido,
sussuro viajante, errando,
em constante e solene poente.
Sei de um coração,
triste,
perecendo em todos os males,
perseguindo naufrágios,
enganando a morte e a grandeza.
Chega-me um perfume de cravos, livros fechados, páginas que mortas cantam,
brisas amainando nas colinas,
súplicas, invejas, enganos.
Mas nesse lugar,
toda a luz é um grito,
todo o vinho é sagrado, todo o sangue renasce,
toda a palavra rasga, alastra,
dorme no mar,
imenso.
Nessa morada, a noite é curta e quente,
e a certeza, a nobreza, são mundo e glória,
e a força é estrada, é sopro, é víscera.
Sou de uma casa, de uma ideia que não termina
que avança no tempo,
que detém e contempla a todo o momento,
é alguém e toda a verdade, terrena e divina.
Sei de um coração que não cessa de bater,
belo, entontecido como o meu,
no meu.