terça-feira, dezembro 26, 2006


Sangrando

O sangue já ferve, como se brotasse fulgurante
Correndo ordenado nos limites invisíveis da estrada,
Entre palavras que adivinham a respiração
Suspensa, nas sílabas ofegantes do lusco fusco,
Adivinhando o peito dorido, massacrado,
Rasgado de separação abrupta,
Contudo cirúrgica, calculada e cruel.

O sangue já escorre,
Em rubro medo, incendiando-se,
Secando vestígios húmidos de sal,
Na boca que se calou,
Em triste uivo, cuspido.


E a estrada alonga-se num fio,
Espalhando-te pelo sossego do meio dia,
Agora que nos sangrámos sem remédio.


E o céu enche-se de nuvens em debandada.

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