quarta-feira, agosto 30, 2006


Desejo incerto

No ínfimo compasso de um aceno,
Uma mudez amarga que se escreve e apaga
Como uma lenta e vagarosa repetição dos dias,
A tristeza dormitando
Nos hábitos de corpos juntos com hora marcada,
Teimosamente acordando
O febril instinto da unificação de sujeitos,
Numa infernal repetição de adjectivos
E estilhaços de suspiros liquefeitos.

Rastejamos na corrosão de desejos agudos,
O prazer angustiante de inventar outra rua,
Outro aceno que nos chame,
Outro mundo que nos ignore e liberte.

Colam-se os corpos,
No ínfimo repetir de um aceno.

1 comentário:

Anónimo disse...

Belíssima!!! Acredito ser sua vida transformada em poema e poesia.