Juro que não te quero ver
Mais um fotografia de Praga perdida,
No chão, deitada, sobre mim
Calada, despida, suspirando tremores
Temendo, perder-se na mesma rua.
O terceiro português suave cala-me a tarde toda
Observando as sombras mudarem de parede
E a cidade coberta de fumo
Escondendo a tua fuga apressada.
Juro que não te quero ver
Assim, como te perdi na praça de Marrakesh
Dilui-te no cheiro de tanta beleza
Refrescante e hipnótica, molhada com chá de menta.
O mar Egeu desvirginava-nos todas as manhãs
Habituámo-nos a abrirmo-nos de par em par.
Por isso, a porta, entreaberta, como sempre
Diz-te que o arrependimento não mata
Que te dispas, como eu
Que cheires o queimado da pele no quarto
Inflamável e sufocante, sem luz
A noite mais cedo num sábado de fogo distante
E de véu cobrindo os subúrbios.
Juro que não te quero ver
Mas arder com as palavras.
sexta-feira, setembro 19, 2003
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