Argonauta
Vens de feição, tempestade solta,
Amor cavado e de ondas altas
De correntes escuras fustigando os antípodas,
Afogando de desejo, pressa, medo e engano,
Perdida, perdendo, afundando-me, em mar sem sentido.
Não vás sem que eu saiba porque vens,
Perde-te, acha-me nas dúvidas revoltas,
Nas notas libertas de um obscuro fado,
Na chuva que não pára
E te obriga a ficar,
A olhar para dentro do que deito para fora,
Decifrando verbos claros e adjectivos proibidos.
As sombras que assomam na rua
Abrem-me o coração a cinzel,
Destemidas, sem medos, com força e inspiração,
Tágides caladas, em voz funda e firme,
Indicando-me as amarras trocadas
Nas nossas duas margens.
Sopras-me o mundo que se perde no embaraço,
Deitas-me fora, choras
Renegas as escolhas sonolentas dos tempos, do passado,
Sou eu, barco perdido, destemido Argonauta
Que não descansa.
Tu, Adamastor ferido,
Arriscando matar de tanto amar.
Vens de feição, tempestade solta,
Amor cavado e de ondas altas
De correntes escuras fustigando os antípodas,
Afogando de desejo, pressa, medo e engano,
Perdida, perdendo, afundando-me, em mar sem sentido.
Não vás sem que eu saiba porque vens,
Perde-te, acha-me nas dúvidas revoltas,
Nas notas libertas de um obscuro fado,
Na chuva que não pára
E te obriga a ficar,
A olhar para dentro do que deito para fora,
Decifrando verbos claros e adjectivos proibidos.
As sombras que assomam na rua
Abrem-me o coração a cinzel,
Destemidas, sem medos, com força e inspiração,
Tágides caladas, em voz funda e firme,
Indicando-me as amarras trocadas
Nas nossas duas margens.
Sopras-me o mundo que se perde no embaraço,
Deitas-me fora, choras
Renegas as escolhas sonolentas dos tempos, do passado,
Sou eu, barco perdido, destemido Argonauta
Que não descansa.
Tu, Adamastor ferido,
Arriscando matar de tanto amar.
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