Sem resguardo
Nem tudo demora como este Janeiro
E na chuva tudo dura eternamente
Sem um resguardo para a falta que sinto.
Neva um ano depois,
E os olhos fecham-se,
Indiferentes aos vultos sobre o asfalto
E folhas rasgadas, molhadas,
As frases abandonadas,
Sem o conforto da minha cabeceira,
Em sossego,
Saborando o pó do tempo.
As memórias secretas dos beijos,
Desamparadas, empalidecem,
Desvanecem-se nas horas cinzentas,
Nos fantasmas que ainda me acompanham.
Já não me confesso, nem oiço, nem falo,
E as raízes já se aventuram em qualquer rua,
Em qualquer estação,
Como anjo caído, pecador.
E tudo demora, e a rua esfria,
Cala-se, sem passos que se oiçam na escada,
Esvaindo-se a vontade, nua,
De voltar.
Nem tudo demora como este Janeiro
E na chuva tudo dura eternamente
Sem um resguardo para a falta que sinto.
Neva um ano depois,
E os olhos fecham-se,
Indiferentes aos vultos sobre o asfalto
E folhas rasgadas, molhadas,
As frases abandonadas,
Sem o conforto da minha cabeceira,
Em sossego,
Saborando o pó do tempo.
As memórias secretas dos beijos,
Desamparadas, empalidecem,
Desvanecem-se nas horas cinzentas,
Nos fantasmas que ainda me acompanham.
Já não me confesso, nem oiço, nem falo,
E as raízes já se aventuram em qualquer rua,
Em qualquer estação,
Como anjo caído, pecador.
E tudo demora, e a rua esfria,
Cala-se, sem passos que se oiçam na escada,
Esvaindo-se a vontade, nua,
De voltar.