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(i)mundo
Silêncio.
Perante ti, o gosto amargo do silêncio. Procuro redenção na transpiração dos nossos
vícios.
Oiço-te chegar, partir, abrir e fechar todas as portas e janelas para o nosso
passado. O futuro é agora e acabou de passar. E outra vez.
Escurecemos
as sombras que fogem, que cobiçam o nosso desprendimento, a nossa vagabundagem.
Os teus cigarros surgem nos cantos, criam altares toxícos que não renegas e veneras.
Veneno,
Aquele que temos um pelo outro, como um vício insuperável, instintivo, imanente.
Preciso tanto deste silêncio, líquido perfumado, pó de estrelas decadentes,
como de dormir.
Não o posso evitar. O tempo perdido devora-nos. O prazer da minha carne não é só meu.
Observas,
O tempo, tu, a mim, enchendo o teu copo de rancor, de virtudes condenadas, excomungadas, repetidas vezes sem conta. Sem penas. Sem castigos.
Esperas-me
ao fundo das minhas dúvidas. Por isso não te vejo e não as esclareço.
Por isso a dor desaparece ante a ignorância do futuro. Que é agora e acabou de passar. E outra vez.
Cansaço.
Esgueira-se sem rodeios, arrasta todas as letras das palavras imundas que enfeitam a nossa rua,
que inundam a tua boca, que surgem nos poros transpirados que se revelam, em espasmos, vómitos.
O mundo apaga-se quando eu fecho os olhos.
Cansaço.
Esgueira-se sem rodeios, arrasta todas as letras das palavras imundas que enfeitam a nossa rua,
que inundam a tua boca, que surgem nos poros transpirados que se revelam, em espasmos, vómitos.
O mundo apaga-se quando eu fecho os olhos.