sábado, junho 23, 2007



profundo
na calma brisa
a palavra que guia
segue no silêncio do coração
aparece imaginada
cresce aventurada
é o profundo azul
o fundo do sonho
o mundo que se forma nas palavras
na voz do chamamento
sonoro silêncio
do amor profundo
*
Marraquexe - Marrocos
Nota 1:
Le Messager d'Allah a dit : " Lorsque vous entendez l'Appel du Muezzin, dites à sa suite comme il dit " [ Hadith authentique ]
in

Recomendo esta página para quem sentir e ouvir parte do que é alma do sul: o chamamento dos muezzins, à oração, no alto das mesquitas, no mundo árabe.


*


Nota 2:
Olha a estrela de Alba
Chama da manhã
Ó manhã, o teu abraço
Oxalá
Me não apague
A paixão da minha alma
Ó paixão
Nem a manhã
Apaga a luz que tem a chama do teu belo olhar
Já é hora da chamada
Alto cantei.

Pregão, de Francisco Ribeiro
In Espírito da Paz (Madredeus)


A edição do mês de Junho de 2007 da CAIS debruça-se sobre o estado da poesia em Portugal e reflecte sobre os desafios deste género literário num novo século.

Sob o lema "Poesia - filha de um Deus menor" são entrevistados Gonçalo M. Tavares e Daniel Costa-Lourenço, sendo apresentados poemas dos entrevistados e de Fernando Pinto do Amaral.

A não perder.

http://www.cais.pt/

terça-feira, junho 12, 2007


Poeta ínfimo

A memória queima-se e renasce
Em vagarosas linhas tímidas,
Escapando nos fugidios alicerces do momento,
Escondidas em frases ínfimas insuspeitas,
Estremecendo,
Abrindo as cicatrizes contorcidas no chão...

E a cabeça que se encosta a medo,
Ferida de prazer e insónia,
Amarga,

Desvanece o tempo, finge sobreviver
Aos suspiros e à mágoa de outra noite em branco,
Debruçada em risos polidos,
Sem réstia de pensamento.


“(...)e no terror da insónia,

onde o obsessivo corpo substituiu a suave cocaína (...)”

Al berto in “A noite progride puxada à sirga”: Três poemas esquecidos”

sábado, junho 09, 2007


Eu

Não tenhas medo,
Podes voltar
Num mar eterno para chegar a qualquer lado,
Estou só e oiço-me
De coração aberto,
Que só guardo em mim
O que de mim desconheço,
Nem sempre em cantos escondidos,
E o mundo termina mesmo no vazio.


Sou eu em liberdade
Pouca coisa evidente,
Aceita-se sem depois,
Querer tem a marca do silêncio,
E a dois ou a todos,
Somos o que o outro é,
Sem mais nada de complicado.

Não tenhas medo,
Olha-me como eu me vejo,
Como nós somos em liberdade.