sexta-feira, junho 30, 2006


Ícaro

O primeiro momento
Onde tudo se define e se apaga,
Voa e faz-se,
De pó e pesadelos,
Num apuro melódico
De um piano quebrado.
A melancolia oceânica
Presa no ruído das ondas
Sarando feridas esquecidas
De gente que se esquece.
És tu, deambulando
E eu, voando entre nevoeiro espesso
Poluído de dúvidas,
Chamando-me outra vez
Outro nome que não o meu.

quinta-feira, junho 29, 2006


Outros verões

Abraçar o mundo nas
Nas faces que se mostram,
Nos dias que se sucedem,
Como nós, olhando o vazio,
Nada mais que o céu e mais nada que
Espuma, escuro, sombras
Eternas, de luz
Em euforia, esperando, o encanto
Do estio nas avenidas
Perseguindo o vento pelas sombras
Em silêncio que bate, inaudível
No infinito sobre as árvores,
E o céu, imenso.

sexta-feira, junho 09, 2006


Mais

Mais do que tudo,
As palavras que fogem
Corações fingidos que batem, mentindo
Ansiando veneno e saliva
Escrevendo corpos estendidos, despidos
Numa interminável insónia dolorosa,
Saborosa, viciante
A tua ausência
Que me ocupo em preencher, sem mais
Por mais e por nada,
Pelo que não consigo inventar
Para além disto,
Do que somos.