quarta-feira, agosto 04, 2004



Sem palavras

“E o giro lento do guindaste que, como um compasso que gira,
Traça um semicírculo de não sei que emoção”
Álvaro de Campos

Ainda sangra e espanta
A vida tornou-se só e mais simples
Como a casa, sem quadros
As cicatrizes que eu mesmo abri
Esquecendo-me que te esqueci
No momento que passámos a ecos
E as palavras também
Que nunca mais se ouviram
Deixaram de voar com as gaivotas até ao rio
Ao fundo
Perdidas na monotonia do giro lento dos guindastes.

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