sexta-feira, outubro 24, 2003

Estive a escrever

Já ouvi muitas vezes dizer que me perdera.
Estive a escrever.
Será que o mundo parou, entretanto?
Nunca sei se as imagens que correm lá fora são alucinações,
Se fico diferente uns tempos
Satisfeito com as coisas que fiz.
Gosto da atmosfera fim de mundo, de fim de amor,
Onde escrever é uma coisa normal.
Não tem nada de especial,
Como um impulso, uma forma de acalmar,
O despontar de uma tempestade, de uma forma banal,
Aparente e poética, como as frase se tocam.
Indicia o que não se explica,
E as nuances, vêm depois.
É mais interessante.
É difícil não ser estéril, esconder ideias e emoções.
Não sou capaz. Tenho frio no vazio.
Gosto de espaço para a voz e mais espaço para o meu silêncio.
O silêncio urbano é musica que revela ideias
Neste país triste onde não há tempo para acreditar
Nem fazer a diferença, nem ter ideias comuns.
É tudo difícil.
Não é uma questão de falta de ideias,
Falta vontade de arriscar.
É preciso marcar as coisas,
Amar por magia, não haver nada maior,
Esquecer os cadáveres que ficaram pelo caminho.
Agarrar e arranhar o meu espaço
Onde cabe tanta gente.

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